Artrite Psoriática
É uma doença artrítica inflamatória crónica que afecta pessoas com psoríase. Afecta as articulações e pode estar associada a manifestações cutâneas e sintomas oculares ocasionais. O início da doença surge habitualmente entre os 30-55 anos, uma forma juvenil surge entre os 9-11 anos. A psoríase precede a artrite em 60-80% dos pacientes e o intervalo entre o início da psoríase e da artrite é inferior a 10 anos. Quando não existem manifestações cutâneas associadas, há geralmente história familiar de psoríase. Manifesta-se por dor articular, rigidez matinal e lesões das unhas (“pitting”). Existem 5 padrões característicos (oligoartrite assimétrica, poliartrite simétrica, artrite mutilante, artrite interfalângica distal, espondilite). A artrite psoriática pode ser acompanhada de manifestações extra-articulares. Em 95% dos casos ocorre atingimento das articulações periféricas e 5% têm envolvimento exclusivo da coluna axial. A causa pode dever-se a uma predisposição genética, factores ambientais e imunológicos. A radiografia confirma o diagnóstico e a gravidade da doença. Também podem ser realizados tomografia computorizada, ressonância magnética e ecografia para melhor caracterização da doença. O tratamento conservador baseia-se em anti-inflamatórios não-esteróides, imunossupressores, agentes antimaláricos, inibidores do factor de necrose tumoral e num programa de reabilitação individualizado. Em doentes com dor severa pode recorrer-se a artroplastia ou artrodese. O prognóstico é bom, mas 25% dos pacientes têm doença progressiva.
Artrite Reumatóide
A artrite reumatóide (AR) é uma doença autoimune inflamatória sistémica, cuja principal característica é uma poliartrite simétrica persistente. É mais frequente no sexo feminino e o seu pico de incidência é entre os 40-60 anos. Existe uma forma juvenil com início antes dos 16 anos. Apresenta-se com envolvimento poliarticular, simétrico, com rigidez matinal e sinais inflamatórios (dor, rubor, calor, tumor e impotência funcional), podendo evoluir para deformidade articular. Apresenta um atingimento preferencial pelas articulações das mãos e pés, mas pode atingir punhos, cotovelos, ombros, tornozelos, joelhos, ancas e coluna cervical. Pode haver manifestações extra-articulares como fadiga, nódulos reumatóides, vasculite, pericardite ou envolvimento pleural. A causa pode dever-se a factores endócrinos, metabólicos, nutricionais, ocupacionais, psicológicos ou a infecções. Há aumento da velocidade de sedimentação e de gamaglobulinas (IgM e IgG) e cerca de 75% apresentam Factor Reumatóide positivo. A radiografia é o exame mais específico para o estudo da AR. O tratamento conservador baseia-se em anti-inflamatórios não-esteróides, imunossupressores, agentes antimaláricos, inibidores do factor de necrose tumoral e num programa de reabilitação individualizado. Em alguns doentes, a cirurgia pode ser uma opção (artrodese, artroplastia, reconstruções). Pode haver complicações cutâneas, cardíacas e neurológicas.
Fibromialgia
Descrita pela primeira vez em 1972, a fibromialgia é uma doença crónica, caracterizada pela presença de múltiplos pontos dolorosos, fadiga crónica e transtornos do sono. Possui uma prevalência de 2-3%, que vai aumentando com a idade. Atinge sobretudo o sexo feminino. Tem etiologia desconhecida, embora se julgue multifactorial. Segundo o American College of Reumathology (1990) apresenta como critérios de diagnóstico: dor que afecta o esqueleto axial e pelo menos 2 quadrantes contra-laterais do corpo, com duração superior a 3 meses e existência de dor à exploração (aplicação de 4kg de pressão) em 11 de 18 “tender points”específicos. Trata-se de um diagnóstico de exclusão, pelo que é essencial excluir as inúmeras causas de dor crónica generalizada. O tratamento deve ser multidisciplinar, podendo haver uma abordagem farmacológica (analgésicos, anti-depressivos, anti-epiléticos, anti-inflamatórios, entre outros), psicológica (terapia de controlo de stress, relaxamento, hipnose, etc.), exercício físico aeróbico e acupunctura. Apesar das múltiplas intervenções, a fibromialgia apresenta um prognóstico desfavorável uma vez que a média da duração dos sintomas é superior a 15 anos. Após o diagnóstico, grande parte dos doentes refere agravamento da dor (55%), fadiga (48%) e transtornos do sono (58%). Apenas 66% refere uma discreta melhoria global. Para concluir, realça-se que a abordagem da fibromialgia deve ser multidisciplinar, protocolada, individualizada e direccionada essencialmente ao alívio sintomático.
Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)
O LES é uma doença inflamatória do tecido conjuntivo, que afecta vários sistemas orgânicos devido a depósito de imunocomplexos e anticorpos. É mais frequente em mulheres. A causa é desconhecida, mas a luz solar e alguns medicamentos são factores desencadeadores. Segundo o American College of Rheumatology, o diagnóstico é feito se estiverem presentes 4 ou mais dos seguintes critérios: exantema malar (em forma de borboleta), lúpus discóide, fotossensibilidade, úlceras orais ou nasais, artrite, serosite (pleura ou pericárdio), alterações renais, doença mental ou convulsões, alterações hematológicas, alterações imunológicas (teste LE positivo, anticorpo anti-DNA, anticorpo anti-Smith, VDRL falso positivo), anticorpos antinucleares positivos. Pode haver sintomas constitucionais como febre, fadiga, mal-estar e perda de peso. A artrite é migratória, transitória, simétrica, não destrutiva e mais comum nos joelhos e mãos. As alterações renais variam de proliferação mesangial assintomática a insuficiência renal. Podem existir vasculite, fenómeno de Raynaud e alterações oftalmológicas e estar associado a síndrome anti-fosfolipídico. O tratamento conservador baseia-se em anti-inflamatórios não esteróides, corticóides, imunossupressores, antimaláricos e num programa de reabilitação individualizado. Recorre-se a tratamento cirúrgico se for necessário transplante renal, se ocorrerem fracturas ou outras complicações.